Os ovos-moles existem há cerca de 500 anos, graças à política de aproveitamento dos conventos. Na altura, era hábito as pessoas oferecerem galinhas às freiras dos conventos. As freiras pegavam depois nos ovos e dividiam as claras das gemas. As claras eram aquecidas e utilizadas para engomar as partes mais difíceis da roupa, como as golas, fazendo com que ficassem muito duras. Sobravam as gemas, que não serviam para nada e que tinham um prazo de validade muito curto. Até que uma das freiras do Convento de Jesus, em Aveiro, lhes juntou açúcar e percebeu que, quanto mais açúcar juntasse, mais as gemas aguentavam sem se estragar. Para além disso, as gemas com o açúcar davam um doce muito bom. Começava assim a história dos ovos-moles.
Séculos mais tarde, encerraram-se os conventos, pelo que as pessoas que trabalhavam no Convento de Jesus, em Aveiro, tiveram que se empregar noutros locais. Uma delas começou a trabalhar numa pastelaria muito antiga da cidade, a Costeira (que entretanto já fechou), e levou consigo a receita que é hoje um dos ex-líbris de Aveiro.
Desde que existe a linha do caminho-de-ferro Porto-Lisboa, era tradicional a venda dos Ovos-moles na estação de Aveiro, feita por mulheres usando trajes regionais.
A massa de doce de ovos é comercializada em barricas de madeira pintadas exteriormente com barcos moliceiros e outros motivos da Ria de Aveiro. Também se apresenta em tacinhas de cerâmica e ainda envolvida em hóstia moldada nas mais diversas formas de elementos marinhos, como ameijoas, peixes, bateiras, conchas e búzios, como se pode observar nas imagens seguintes.
A massa do doce de ovos, embora consistente, é muito cremosa e é obtida exclusivamente através de açúcar em ponto e gemas de ovos muito frescos.
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