terça-feira, 3 de setembro de 2013

Queijadas de Sintra

Já se encontram referências às Queijadas de Sintra, como fazendo parte de pagamento de foros, no ano de 1227, quando reinava D. Sancho II, o Capelo. Quanto ao local de origem das queijadas parece ter sido em Ranholas, na freguesia de S. Pedro de Penaferrim.
De todas as marcas, a mais antiga é a Sapa, com fábrica na Volta do Duche, hoje explorada por Francisco Barreto das Neves, mais conhecido por “Chico Neves”. Através de documentos, não é possível determinar a relação de parentesco entre “Maria Sapa”, nascida em 1756, e os outros Sapas, também de Ranholas, e que nessa localidade fabricavam queijadas. Considera-se, no entanto, que eram todos daquela família, oriunda daquela localidade.
Em meados do século XIX, aparece em Ranholas uma Maria das Neves, casada com Manuel Antunes, ela da família “Sapa” e que também fabricava o afamado doce.
Com a inauguração do caminho-de-ferro, em 2 de Abril de 1887, o trânsito pela estrada de Lisboa começou a reduzir-se gradualmente e os industriais de queijadas que, até essa data, vinham aos domingos fazer a sua venda a Sintra utilizando burros, viram-se na necessidade de transferir para a vila o seu negócio.
Respeitando a receita dos seus antepassados, as queijadas fabricadas actualmente continuam a merecer a fama que criaram.
Camilo Castelo Branco, no seu livro “Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado”, cuja primeira edição é de 1863, diz a certa altura:Basílio levava na algibeira do albornoz um embrulho de queijadas da Sapa.” A que Sapa se refere? Atendendo a que a primeira contribuição industrial que pagou Francisco Antunes das Neves está datada de 1871 (referente à fábrica de Ranholas) parece poder concluir-se que se refere a seus pais, a Maria das Neves (dos Sapas) e marido Manuel Antunes ou, então, a uma irmã da primeira, Josefa das Neves, que, nessa data distante, também fabricava em Ranholas o mesmo doce com a designação de “Sapa”.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Dom Rodrigo, Algarve

   O colorido do seu invólucro chama a atenção nas vitrinas das melhores doçarias algarvias, mas é depois de desembrulhado que nos deparamos com um divinal ícone da doçaria conventual portuguesa, o Dom Rodrigo.
   Histórias lendárias que invadem a sabedoria do povo afirmam que o doce, Dom Rodrigo, foi criado no Convento das Carmelitas de Lagos, no Algarve. Segundo a “Lenda da galanteria de D. Rodrigo”, vivia-se no reinado de D. Afonso III e este doce de origem conventual é uma honra ao seu homónimo, Dom Rodrigo, cavaleiro que servia o rei. Dom Rodrigo de Mascarenhas ajudou um prisioneiro a casar com a sua amada, um amor proibido cujo casamento se deveu à benevolência deste benfeitor, que libertou o jovem apaixonado com honras, por se ter demonstrado destemido e ter desposado tão bela rapariga. Foi assim que o Convento que viu nascer o bondoso e galanteador Dom Rodrigo, deu “vida” a um mágico sabor, aos “Dom Rodrigos”.
   Um doce conventual que, há semelhança dos demais, tem nos ovos e no açúcar a base da sua confeção, mas o Dom Rodrigo conta, também, com a presença da amêndoa, elemento fundamental na doçaria algarvia, e que revela a forte marca da passagem árabe pelo território português.
  Na verdade, esta simbiose tem como resultado perfeitos e dourados fios de ovos mesclados com a nobreza do miolo de amêndoa, proveniente de lendárias amendoeiras, tudo isto regado com um pouco de canela, que dá um sabor tão delicado aos Dom Rodrigos, também conhecidos como Rodriguinhos.
   De forma simplista podem, até, ser caracterizados como doces de amêndoa algarvios, mas estes reis algarvios da doçaria conventual, que podem ser encontrados durante todo o ano, são presença indispensável nas alturas de festa da região, deixam qualquer pessoa com “água na boca” e viciam o estômago de quem se aventura a prová-los.
  Vermelho, verde, prateado, azul ou até dourado, a cor não importa, porque é do interior de cada embrulho em forma de uma pirâmide tosca que se erguem os janotas Dom Rodrigos, um verdadeiro sonho para as papilas gustativas.
   Não é preciso uma data especial para dar um presente a quem mais gosta, como tal, surpreenda quem o rodeia com estes embrulhos, depois, dê a sua bênção e deixe que provem este aprazível doce conventual, mas não se esqueça de guardar alguns para si!




terça-feira, 13 de agosto de 2013

Pães e doces portugueses são sucesso no Brasil

Dois empresários portugueses, ex-gestores da rede Pestana, uniram-se para fundar, na cidade brasileira do Rio de Janeiro, a empresa Arte Conventual, especializada no fabrico e distribuição de pães e doces tradicionais lusos que, graças ao imenso sucesso que tem tido, deverá começar a crescer já em 2013.
"Atualmente, distribuimos 6.000 itens entre pães e doces, diariamente, para hotéis, restaurantes e eventos no Rio de Janeiro e temos a previsão de duplicar essa produção no primeiro trimestre de 2013", revelou à Lusa um dos sócios deste negócio recente, Rodrigo Castelão.
"Começámos a perceber que os hotéis de Ipanema, Copacabana [bairros nobres do Rio de Janeiro] estão a começar a procurar as padarias locais para fornecer pães para o pequeno-almoço e nós já tínhamos essa linguagem do universo hoteleiro, o que facilitou", explica o português.
A aposta foi feita, então, "primeiro por uma questão de custos e controlo operacional e depois porque o nosso chefe de produção mora lá e já possuía uma estrutura que se encaixava perfeitamente", justifica Castelão.

Especialidade da firma são os doces conventuais

"Já temos uma estrutura muito maior que está a ser desenvolvida por uma questão de logística e distribuição", avança o empresário, que prefere não revelar os valores do investimento e a previsão de receitas, mas assegura que toda a expansão está a ser feita com capital próprio, sem empréstimos.


Além dos pães, a especialidade da firma são os doces conventuais portugueses que têm feito muito sucesso nos restaurantes típicos, mas também em eventos como festas de empresas, celebrações familiares e “cocktails.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Bolinhol de Vizela

   O "Bolinhol" ou "Pão-de-Ló Coberto", é o doce tradicional da gastronomia Vizelense que ao longo dos anos, vem sendo distinguido com a atribuição bem merecida de alguns prémios. Este ex-libris está também presente em várias feiras gastronómicas, onde se tornou desde há muito, verdadeiro embaixador de Vizela. 
   É bastante difícil afirmar-se com verdadeira exatidão qual o ano em que se deu início à confecção deste maravilhoso legado gastronómico. Todavia, pensa-se que o ano seria o de 1880, visto que em 1884 este doce esteve presente na Exposição Industrial Concelhia de Guimarães. A grande feitora desta magnífica especialidade gastronómica foi a Senhora Joaquina da Silva Ferreira.
    Joaquina, com a receita do Pão de Ló tradicional, idealizou um bolo pequeno que levava para as feiras embrulhado em “linhol”. Mais tarde sua filha Albina e marido Joaquim transportam-no para a casa Delícia que inauguram em 1921.
    Este pão-de-ló coberto, ou mais conhecido tradicionalmente por “Bolinhol”, é a mais famosa especialidade gastronómica de Vizela. Único em Portugal, apresenta uma forma rectangular com uma suave cobertura de açúcar. A sua massa é levemente húmida o que lhe atribui um sabor inegualável.
    Esta extrema e refinada qualidade, faz com que este doce seja vendido não só nas confeitarias vizelenses, mas também noutras confeitarias nacionais, sobretudo no Porto. 


segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Ovos Moles de Aveiro

    Os Ovos-moles são um doce regional tradicional da pastelaria da cidade de Aveiro.
  Os ovos-moles existem há cerca de 500 anos, graças à política de aproveitamento dos conventos. Na altura, era hábito as pessoas oferecerem galinhas às freiras dos conventos. As freiras pegavam depois nos ovos e dividiam as claras das gemas. As claras eram aquecidas e utilizadas para engomar as partes mais difíceis da roupa, como as golas, fazendo com que ficassem muito duras. Sobravam as gemas, que não serviam para nada e que tinham um prazo de validade muito curto. Até que uma das freiras do Convento de Jesus, em Aveiro, lhes juntou açúcar e percebeu que, quanto mais açúcar juntasse, mais as gemas aguentavam sem se estragar. Para além disso, as gemas com o açúcar davam um doce muito bom. Começava assim a história dos ovos-moles.
   Séculos mais tarde, encerraram-se os conventos, pelo que as pessoas que trabalhavam no Convento de Jesus, em Aveiro, tiveram que se empregar noutros locais. Uma delas começou a trabalhar numa pastelaria muito antiga da cidade, a Costeira (que entretanto já fechou), e levou consigo a receita que é hoje um dos ex-líbris de Aveiro.
   Desde que existe a linha do caminho-de-ferro Porto-Lisboa, era tradicional a venda dos Ovos-moles na estação de Aveiro, feita por mulheres usando trajes regionais.
    A massa de doce de ovos é comercializada em barricas de madeira pintadas exteriormente com barcos moliceiros e outros motivos da Ria de Aveiro. Também se apresenta em tacinhas de cerâmica e ainda envolvida em hóstia moldada nas mais diversas formas de elementos marinhos, como ameijoas, peixes, bateiras, conchas e búzios, como se pode observar nas imagens seguintes.
      A massa do doce de ovos, embora consistente, é muito cremosa e é obtida exclusivamente através de açúcar em ponto e gemas de ovos muito frescos.

domingo, 4 de agosto de 2013

História do Pastel de Tentúgal

   A história da antiga vila de Tentúgal, hoje pertencente ao concelho de Montemor-o-Velho, confunde-se com a história da doçaria conventual, cuja fama persistiu no tempo devido, em parte, aos Pastéis de Tentúgal.
  Reza a história que os afamados doces terão surgido por causa da bondade natalícia de uma freira carmelita que, em finais do século XVI, presenteando os meninos da terra com iguarias, resolveu experimentar rechear a massa muito fina com doce de ovos. Estes requintados presentes eram, igualmente, oferecidos a bem feitores do Convento das Carmelitas, assim como a indivíduos da alta sociedade portuguesa, recolhendo de todos os maiores elogios.
   Inicialmente designados “Pastéis do Convento”, começaram a ser produzidos no seu exterior aquando das reformas de Joaquim António de Aguiar, em 1834, que puseram fim às congregações religiosas e, decisivamente, após a laicização da sociedade, com a implantação da República em 1910. Fora das instalações conventuais os Pastéis de Tentúgal popularizaram-se, passando a ser consumidos pelos diferentes estratos sociais, chegando a ser recheados com frutas, doces ou preparados de carne.
   Nos dias de hoje o mais vulgar é o recheio com doce de ovos, adotando uma forma alongada, que lhe confere também a designação de Palito, ao invés da outrora forma em meia-lua. O recheio dos Pastéis de Tentúgal que apresentam a forma de meia-lua, para além do doce de ovos, inclui amêndoa.
  Pastel Pobre é outro nome pelo qual é conhecido, designação igualmente certa, pois de acordo com Maria Helena Soares «É o doce mais “pobre” de ingredientes e o mais “fino” no paladar», cuja massa é confeccionada com farinha e água e o recheio com ovos, açúcar e água. Apesar dos poucos ingredientes, a produção do Pastel de Tentúgal implica um ritual de entrega e de sabedoria por parte de quem o confecciona.
    Desde os tempos conventuais até às atuais unidades de produção doceira, o Pastel de Tentúgal conseguiu e consegue agradar aos paladares mais exigentes.


sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A história dos ovos nos doces portugueses

    A tradicional doçaria lusitana conta com muitos doces amarelos. Essa cor de ouro de muitos quitutes portugueses é consequência do frequente uso de gemas de ovos nas receitas. Mas, por quê que os doces portugueses usam tantas gemas de ovos nas suas receitas?
     A maioria desses doces são frutos da doçaria conventual portuguesa, ou seja, foram criados em conventos pelas freiras. Por volta do século XV havia muitos conventos em Portugal, e o país era um dos maiores produtores de ovos do mundo.
    Porém, os ovos nos conventos, antes de serem usados para o preparo de doces tinham outra função. As freiras usavam as claras para engomar seus hábitos. Consequentemente acabavam sobrando muitas gemas. Então, com a chegada e popularização do açúcar proveniente de suas colônias, foi possível inovar nas receitas e finalmente utilizar também as gemas. A partir daí surgiram as mais diversas, deliciosas e hoje tradicionais receitas: ovos moles, fio de ovos, toucinho do céu, e muitas outras.
  Os doces fizeram sucesso, passaram também a ser produzidos fora dos conventos, e foram se consagrando de geração em geração. Hoje fazem sucesso no mundo todo e contam a história de Portugal da forma mais doce possível.


Notícia retirada de: http://restaurantedaterrinha.com.br/a-historia-dos-ovos-nos-doces-portugueses/no dia 2 de Agosto de 2013, às 16h.