segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Dom Rodrigo, Algarve

   O colorido do seu invólucro chama a atenção nas vitrinas das melhores doçarias algarvias, mas é depois de desembrulhado que nos deparamos com um divinal ícone da doçaria conventual portuguesa, o Dom Rodrigo.
   Histórias lendárias que invadem a sabedoria do povo afirmam que o doce, Dom Rodrigo, foi criado no Convento das Carmelitas de Lagos, no Algarve. Segundo a “Lenda da galanteria de D. Rodrigo”, vivia-se no reinado de D. Afonso III e este doce de origem conventual é uma honra ao seu homónimo, Dom Rodrigo, cavaleiro que servia o rei. Dom Rodrigo de Mascarenhas ajudou um prisioneiro a casar com a sua amada, um amor proibido cujo casamento se deveu à benevolência deste benfeitor, que libertou o jovem apaixonado com honras, por se ter demonstrado destemido e ter desposado tão bela rapariga. Foi assim que o Convento que viu nascer o bondoso e galanteador Dom Rodrigo, deu “vida” a um mágico sabor, aos “Dom Rodrigos”.
   Um doce conventual que, há semelhança dos demais, tem nos ovos e no açúcar a base da sua confeção, mas o Dom Rodrigo conta, também, com a presença da amêndoa, elemento fundamental na doçaria algarvia, e que revela a forte marca da passagem árabe pelo território português.
  Na verdade, esta simbiose tem como resultado perfeitos e dourados fios de ovos mesclados com a nobreza do miolo de amêndoa, proveniente de lendárias amendoeiras, tudo isto regado com um pouco de canela, que dá um sabor tão delicado aos Dom Rodrigos, também conhecidos como Rodriguinhos.
   De forma simplista podem, até, ser caracterizados como doces de amêndoa algarvios, mas estes reis algarvios da doçaria conventual, que podem ser encontrados durante todo o ano, são presença indispensável nas alturas de festa da região, deixam qualquer pessoa com “água na boca” e viciam o estômago de quem se aventura a prová-los.
  Vermelho, verde, prateado, azul ou até dourado, a cor não importa, porque é do interior de cada embrulho em forma de uma pirâmide tosca que se erguem os janotas Dom Rodrigos, um verdadeiro sonho para as papilas gustativas.
   Não é preciso uma data especial para dar um presente a quem mais gosta, como tal, surpreenda quem o rodeia com estes embrulhos, depois, dê a sua bênção e deixe que provem este aprazível doce conventual, mas não se esqueça de guardar alguns para si!




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